terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Cabrito alla Cacciatora


                                           Eu e as filhas de José e Emília

Porque é Natal e este é o prato mais tradicional nas ceias da família, vou contar a história e depois a receita. 

O CABRITO

O cabrito andava de trem. Vinha vivo dentro do engradado com direito a um pote de água porque vivo tinha que chegar.        

Presente de Natal de Narciso para José. Presente de irmão com tanto significado que não caberia num engradado. Porque ali, vivas como o cabrito,  se transportavam lembranças de uma existência.

Lembranças de uma gente que também partiu de trem e de navio. Talvez mais morto do que vivo porque para traz tinha ficado a casa, a terra (ainda que de chão de pedras) e a família: pai, mãe, irmãos, amigos, recordações. Talvez mais vivo do que morto porque partir, então, representava deixar a terra árida em busca da terra da esperança.
                                            
E naquele Natal, em cada Natal, um pequeno cabrito embarcado no trem levava de presente o carinho do irmão, a lembrança da família, o sabor da Itália. E o “cabrito à cacciatora” vinha suculento no almoço de Natal trazendo junto um pedaço da vida.

Tradição do Natal em nossa família, o cabrito até hoje é o prato que nunca falta na mesa da ceia. Reunidos com nossos filhos, irmãos, pais, maridos, esposas, nós, da família de José e Narciso nunca pensamos de onde veio o costume de servir o prato. Também não sabemos o que é passar o Natal sem família.

Mas hoje, quando meu primo Wagner contou que todo ano seu pai mandava um cabrito para o “tio” José e ele embarcava o  bicho vivo com potinho de água e tudo, cada pedaço dessa pequena história de grandes homens foi se juntando.

Então eu, que nunca gostei de cabrito, descobri que gosto tem esse prato.

Cabrito à Cacciatora da Vó Emilia

1 cabrito de 5 a 7 k  cortado em pedaços grandes.
Lavar peça por peça e colocar num escorredor.

Para o tempero
2 pimentões vermelhos
4 cabeças de alho
3 maços de salsa
1 colher de sobremesa de sal

Picar muito bem ou passar no processador até virar uma pasta.
Passar esta pasta na carne  e enfiar nos pedaços com mais carne até o fundo. É importante enfiar bastante  tempero dentro dos pedaços.

Colocar a carne temperada numa vasilha funda e cobrir tudo com 2 garrafas de vinho branco suave. Deixar tampado na geladeira de um dia para o outro.

No dia seguinte, tirar a carne do tempero ( reservar o tempero para finalizar o molho).
Fritar aos poucos em óleo aquecido, até corar. Virar com cuidado porque a carne é delicada. 

Conforme for fritando, colocar as carnes não muito fritas em outra panela grande. Deixar esta panela em fogo baixo e ir pingando aos poucos só para não pegar no fundo.  Colocar aos poucos o tempero reservado até usar tudo.

Em outra panela colocar:
Azeite
6 pimentões vermelhos cortados em tiras
8 tomates bem maduros, sem casca e sem sementes, picados

Refogar tudo e reservar. Depois que o cabrito cozinhar, jogar este molho por cima e acrescentar 1 vidro de azeitonas pretas inteiras e sem caroço. Provar e acertar o sal se necessário e deixar em fogo baixo até formar o molho.

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